Questão de Português - ENEM 2021 - Naquele tempo, ltaguaí, que, como as demais vilas

ENEM 2021 - Naquele tempo, ltaguaí, que, como as demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de im - prensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia; ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; — ou por meio de matraca.
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão. De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, — um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regímen mereciam o desprezo do nosso século.
ASSIS, M. O alienista. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 2 jun. 2019 (adaptado). 

O fragmento faz uma referência irônica a formas de divul - gação e circulação de informações em uma localidade sem imprensa. Ao destacar a confiança da população no sistema da matraca, o narrador associa esse recurso à disseminação de 
a) campanhas políticas. 
b) anúncios publicitários. 
c) notícias de apelo popular. 
d) informações não fidedignas. 
e) serviços de utilidade pública. 

RESPOSTA:
Letra D.

A circulação de informações, segundo o texto, dava-se por meio do uso da matraca, em que o anunciante divulgava tanto informações verdadeiras, quanto não fidedignas, mas o povo confiava tanto no sistema que até os maiores absurdos eram tidos como inquestionáveis.

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