Leia o texto e examine a ilustração: Óbito do autor
(....) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia − peneirava − uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: −”Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.” (....)
Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a ilustração do pintor
(A) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal.
(B) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.
(C) distorce a cena descrita no romance.
(D) expressa um sentimento inadequado à situação.
(E) contraria o que descreve Machado de Assis.
RESPOSTA:
Letra A.
Ao relacionar o trecho de Machado de Assis com a ilustração de Portinari, percebemos algumas diferenças entre eles. A começar, pela descrição da chuva, que no texto aparece como uma fina chuva, enquanto a imagem distorce a realidade do texto, sendo ilustrada como uma chuva mais forte, densa, o que confirma a letra A e distorce a letra B. As letras C, D e E, respectivamente, estão erradas, pois apesar de detalhes ausentes no texto verbal, a imagem não contraria a cena descrita, tampouco expressa um sentimento de inadequação à situação.
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